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Entrevista com o Chaikh Mohamad Al Bukai (Liga da Juventude Islâmica do Brasil)
“As crianças são o ornamento da vida neste mundo.” (Corão)
Maomé, nascido em Meca (Arábia Saudita), em 570 d.C., segundo a tradição muçulmana teria recebido diretamente do arcanjo Gabriel os fundamentos do Islã acerca dos preceitos religiosos, dogmáticos e morais que se encontram reunidos no Corão, o livro sagrado Islâmico. Assim nasceu o Islamismo, cuja tradição reza que Alá é o único Deus e Maomé seu profeta. Apesar de sua origem fundamentada pela tese da revelação divina, o Islamismo agrupa e sintetiza elementos de diversas crenças. A circuncisão, por exemplo, é herança do Judaísmo, do qual provavelmente deriva também seu princípio monoteísta; já o conceito de juízo final é de caráter judaico-cristão, assim como admite o culto aos santos e a crença em espíritos e na crença djinn, originários de sistemas mais primitivos.
O Islã, (que em sua tradução literal significa “submissão à vontade de Deus”), mais que uma religião é um sistema moral e político. Baseado na adoração de Alá, Deus único, ensina que após a morte os justos serão recompensados com a vida eterna no Paraíso, e os injustos, condenados a padecer no fogo do Inferno. O Corão afirma que o destino de cada homem é previamente traçado por Alá. “Estava escrito” é uma máxima que explica bem o imaginário islâmico. O muçulmano (como é designado o fiel do Islã) é obrigado a orar cinco vezes por dia, ajoelhado num tapete e voltado para Meca. Ele é proibido de cultuar imagens, pois isso é considerado como pecado de idolatria e pelo menos uma vez na vida, deve fazer uma peregrinação até Meca. Não há uma hierarquia dentro da tradição islâmica, com sacerdotes, bispos etc.. As preces públicas são de responsabilidade de um dirigente, denominado Imã, e os teólogos eruditos são chamados de Ulemás.
Os templos muçulmanos são denominados mesquitas, e em seu interior somente os homens são admitidos. Essa tradição demonstra bem a postura islâmica com relação à mulher, que é conservada em posição inferior. Em países onde o Estado não proíbe a prática da poligamia, o muçulmano pode ter até quatro esposas, pois esse costume é permitido pelo Corão. Dados do último censo revelam que atualmente o Islamismo é a segunda maior religião do mundo, com um percentual acima da marca de 50% da população em três continentes. Com objetivo final de subjugar o mundo e regê-lo pelas leis islâmicas, mesmo que para isso necessite matar e destruir os “infiéis ou incrédulos”, o número de adeptos que professam a religião mundialmente já passa dos 935 milhões.
Segundo sua filosofia, Alá deixou dois mandamentos importantes: subjugar o mundo militarmente e matar os inimigos do Islamismo (Judeus e Cristãos). Algumas provas dessa determinação foram o assassinato do presidente do Egito, Anwar Sadat, por ter feito um tratado de paz com Israel, e o massacre nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Na visão islâmica, o sexo é considerado uma fonte mútua de prazer e afeto e a busca pelo contato sexual, momento em que seus corpos passam por processos semelhantes, é inerente tanto ao homem quanto à mulher. Para evitar que o homem negligencie suas obrigações com Deus, o contato do casal é restrito e se estabelece uma relação submissa da mulher, que é vista muito mais como uma serva do que como uma companheira. Os laços entre mãe e filho são encorajados em detrimento aos laços matrimoniais.
O Islamismo valoriza a lógica da ciência e acredita em métodos de mentalização aplicados pela ciência parapsicológica e metafísica com as quais podemos programar nossa mente para que vivamos melhor, métodos já aplicados por nossos ancestrais, e usados nos Templos. Em entrevista, o Chaikh Mohamad declara: “Há um dito do profeta Muhammad, que a paz de Deus esteja com ele; não há nenhuma doença no mundo que Deus não tenha criado um remédio para a sua cura”. Ele explica que alguns dos métodos de reprodução assistida são aceitos pelo islamismo com algumas restrições, de acordo com seus ensinamentos, sendo vetado o uso de outros homens ou mulheres como “matriz” com o objetivo de preservação da base familiar. O coito programado é um dos métodos de reprodução assistida aceitos pelo Islamismo. Para eles, esse
tipo de acompanhamento médico é permitido desde que seja feito dentro do casamento. Ela ainda complementa que, ao contrário do que se possa imaginar, uma vez realizadas no seio do matrimônio, outras técnicas de fertilização, com acompanhamento médico são aceitas pela religião, entre elas a inseminação artificial e a fertilização in vitro.
A única observação que o líder muçulmano faz questão de frisar é que tanto o óvulo quanto o esperma utilizados para a fecundação sejam da mulher e do homem casados e, tirando isso, também não há nenhum tipo de restrição para essa técnica de fecundação artificial. Comparada a uma invasão familiar, a doação de embriões é considerada totalmente fora dos princípios do alcorão (bíblia sagrada dos muçulmanos). O Chaikh cita que não sendo na mesma família, e fora do contrato do casamento, o procedimento é vetado, já que o envolvimento de terceiros causa uma mistura das raízes familiares. Ele esclarece que a preocupação dos muçulmanos está em se conhecer a procedência e continuidade dos membros da família. Segundo ele, o casal que obtiver sucesso na primeira tentativa e que, portanto não for mais utilizar os embriões congelados, deve descartá- -los. O Islã considera um embrião com 120 dias uma vida e em hipótese alguma pode ser utilizado por outro casal.
Ele cita as palavras do profeta Muhammad: “Em verdade, qualquer um de vocês é conformado no útero de sua mãe quarenta dias em esperma, e depois é transformado em um coágulo, permanecendo assim o mesmo período (40 dias), e depois é transformado em ‘uma substância mastigada’, permanecendo assim pelo mesmo período (40 dias), depois é enviado sobre ele um anjo que lhe assopra o espírito, e lhe decreta quatro questões: o seu sustento, a sua existência, os seus atos e se será um desventurado ou venturoso...”. Na cultura muçulmana, é normal o homem ter até quatro esposas – no Brasil são proibidos casos de poligamia. Mesmo colocando a possibilidade de doação de óvulos de uma das quatro esposas para uma do mesmo casamento, não é permitido. Segundo ele, esse tipo de procedimento foi proibido no Conselho de Jurisprudência Islâmica de 1984, pois essa situação pode causar brigas entre as esposas sobre a legitimidade e o direito da maternidade sobre a criança.
A doação de sêmen também não é permitida, pois se trata de uma invasão na árvore genealógica da família, além de representar a formação de uma vida fora do casamento, ou seja, uma mulher ficará grávida de outro homem ou utilizará o óvulo de outra mulher para que seu marido tenha um filho. Filhos fora do casamento não são considerados legítimos para o Islã. O congelamento de óvulos e embriões é permitido em situações como mulheres em tratamentos de radio ou quimioterapia, por exemplo, ou no período próximo da menopausa, como uma maneira de planejamento familiar dentro do casamento. Entretanto, os casais que optarem pelo congelamento de óvulos, deverão descartá-los quando não forem utilizados, para que nunca sejam utilizados por outros casais, diz o Chaikh.