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Entrevista com Roberto dos Santos Aparecido (Diretor da Sociedade Espírita Allan Kardec de São Matheus – Filiada à Federação Espírita do Estado de São Paulo)
“A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros.” (Allan Kardec)
O termo espiritismo (“espiritisme”) surgiu como um neologismo, criado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de “Allan Kardec”, para nomear especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas inicialmente em “O Livro dos Espíritos” (1857). Sua principal característica é a crença em que os mortos são fonte de ensinamento para os homens, além da divisão dos espíritos em imperfeitos, bons e puros. No Brasil, o espiritismo começou a ganhar força a partir do ano de 1884, com a criação da Federação Espírita Brasileira, cujo trabalho era expandir as práticas do espiritismo. Um dos pioneiros da nova prática religiosa foi Bezerra de Menezes, que, ao converter-se à nova crença, acreditava estar vivenciando o ápice da fé cristã. Essa figura histórica do espiritismo brasileiro abraçou a nova religião, influenciado pela vivência com
o médium João Gonçalves do Nascimento, que praticava curas na cidade do Rio de Janeiro. Uma figura muito importante, e talvez a mais conhecida entre os leigos e praticantes, é o médium Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Por meio de suas obras psicografadas, popularizou ainda mais o espiritismo. Entre elas, podemos destacar “Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho”, em que é narrada a intervenção dos espíritos em diferentes acontecimentos da história nacional.
A grande aceitação da prática espírita se deve à sua capacidade de articular elementos cultos e populares, com os quais uma pessoa de origem simples poderia incorporar figuras de prestígio. Muitos dos adeptos daquela época insistiam em assinalar como a nova religião andava em acordo com os princípios liberais e científicos vigentes no período. Um exemplo claro dessa associação pode ser visto no fato de muitos republicanos e abolicionistas simpatizarem com o espiritismo. No entanto, a nova religião sofreu grande oposição em um contexto histórico em que o catolicismo tinha grande presença. Nos códigos de lei da época e no receituário de alguns psiquiatras, o espiritismo era considerado uma manifestação de insanidade mental. Segundo dados do último censo, o espiritismo é uma das religiões que mais têm crescido no Brasil. Em 2000, a religião contava com cerca de 2,3 milhões de seguidores. Já em 2005, estimava-se a existência de 10 milhões no mundo inteiro (Encyclopedia Britannica), sendo que aproximadamente três milhões vivem no Brasil, fazendo dessa a maior nação espírita do planeta. Acredita-se ainda que o número de simpatizantes do espiritismo no Brasil gire em torno de 20 milhões.
Roberto declara que o espiritismo estuda vários campos da ciência, dentre eles o da medicina da reprodução. Quanto aos tratamentos, ele explica que a doutrina aceita os métodos utilizados atualmente, e que não há nada que condene o trabalho cientifico nesse sentido, além de incentivar qualquer tratamento que estimule a vida. Os espíritas acreditam que os problemas de infertilidade de um casal têm origem em vidas passadas. Em sua visão, se hoje estes pais enfrentam alguma dificuldade nesse sentido é porque tiveram sua oportunidade no passado e não estavam preparados para essa missão. O tratamento de coito programado não é vetado por eles. Nosso entrevistado complementa que no livro dos espíritas e médiuns, há relato que pessoas que hoje têm dificuldade para ter filhos, em vidas passadas maltrataram seu próprio órgão genital, trazendo para sua vida atual esse tipo de problema. Contudo, o tratamento natural, controlando o melhor dia fértil da mulher não é proibido. Quanto à inseminação artificial, o procedimento envolve o mesmo conceito do coito programado. Eles não proíbem, só aconselham que, além do trabalho médico, haja um acompanhamento espiritual. Roberto aconselha aos “irmãos” que é preciso primeiramente tratar a alma e o corpo.
Isso vale também para a fertilização in vitro; de forma cuidadosa e muito bonita, ele se refere ao procedimento da seguinte forma: conta que todos nós temos nosso corpo físico, que é o que vemos, e também o corpo espiritual, que complementa e se torna matéria. Para ele, quando algum irmão ou irmã pede qualquer tipo de ajuda ligado à saúde, ou à infertilidade, ele incentiva a pessoa a procurar um acompanhamento médico, e se a opção for a FIV, ou outro tratamento, não há problemas. Para ele, o importante é a felicidade do casal.
pecíficos para mães, gestantes e crianças. É realizado um trabalho filantrópico sistemático na arrecadação de enxovais para bebês, que são doados para mães carentes. Além disso, são promovidos seminários para mulheres nas academias de treinamento espiritual, eventos que duram de dois a cinco dias. A Associação Pomba Branca é o grande carro-chefe da Seicho-No-Ie do Brasil, representando mais de 70% do corpo da entidade religiosa. Contudo, mesmo com a existência desse projeto focado na mulher, não há um posicionamento quanto aos tratamentos de reprodução, no sentido de se mostrarem a favor ou contra a tais métodos. Por outro lado, pesquisam e revelam a existência de livros que fazem algumas menções sobre infertilidade. No livro “Coleção Verdade da Vida”, de Masaharu Taniguchi, volumes nove e dez (livro de ensinamentos sobre a religião), há citações sobre todos os métodos que iriam se desenvolver e que desde 1930 são estudados pelos religiosos da crença Seicho-No-Ie. No livro, Masaharu, que foi um grande estudioso, afirma que “no futuro as pessoas irão conceber seus filhos por métodos não naturais”, como é o caso da inseminação artificial e da fertilização in vitro.