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Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi
Esses temas são difíceis e, algumas vezes, polêmicos, mas fazem parte de todas as atitudes públicas de uma nação. Quase sempre são o freio da impulsividade das pessoas que têm esses conceitos no seu interior. São assuntos intrigantes e diretamente ligados à vida e ao bem-estar de grande parte da humanidade.
A palavra Biorreligião até este momento não existe no dicionário brasileiro nem na internet; é uma criação minha, mas pode ser traduzida como: a responsabilidade e o respeito dos médicos e embriologistas à religião das pessoas envolvidas nos tratamentos ligados à vida.
Pode ser feita uma analogia dela com a Bioética (conjunto de problemas levantados pela responsabilidade moral dos médicos e biólogos em suas pesquisas e na aplicação destas) e o Biodireito (normas jurídicas reguladoras dos procedimentos a serem utilizados para que a ciência atinja seus objetivos sem ferir os princípios éticos e os direitos humanos fundamentais, tais como a “dignidade do ser humano” e o “direito à vida”).
A ideia de apresentar esses temas neste site foi inspirada no dia a dia do meu atendimento às pacientes que sofrem, junto aos seus maridos, dos problemas de infertilidade.
Essa rotina, que me deixa conectado ao conceito de que os seres humanos são dotados de corpo e alma, provoca em mim reflexões permanentes, e acabam surgindo ideias de que há sempre algo melhor a fazer para os casais que me procuram buscando a fertilidade.
Penso nas minhas pacientes quase o tempo todo; e em como ajudá-las. Penso nelas quando estou na clínica, nos hospitais, em casa, no automóvel, nos congressos, nos momentos de lazer, nas minhas corridas de rua, durante as meias maratonas e em outras atividades. Qualquer desvio desse foco é sempre interrompido por rasgos de lembranças das dificuldades que esses casais enfrentam.
Como se não bastassem os problemas de saúde reprodutiva, físicos e funcionais, causadores desse mal, muitos casais ainda enfrentam as dúvidas e interpretações conflitantes da ética, de suas religiões e das leis: o proibido, o permitido e o interpretativo.
Quanto à religião, por meio de entrevistas, busquei a opinião viva de representantes religiosos, que responderam questões objetivas sobre as principais dúvidas dos tratamentos. Elaborei o roteiro das entrevistas e muitas delas foram realizadas brilhantemente por profissionais que me deram apoio, afinal, essa tarefa exige disponibilidade de tempo integral, o que é impossível no meu ritmo profissional. Aprendi, cresci muito e tive surpresas positivas e negativas. Ouvi religiosos que sabem muito desse assunto e outros que até orientam seus fiéis, mas pouco conhecem sobre o tema. Aprendi que todas as religiões têm objetivos semelhantes e estão em harmonia entre elas. Podem ter diferenças substanciais do ponto de vista filosófico, mas são iguais quando se trata de ajudar a humanidade.
Quando colocamos lado a lado suas crenças fundamentais comuns, descobrimos que as diferenças são superficiais, e as semelhanças, profundas. Cada uma enfatiza suas regras, mas todas desejam desenvolver os seres humanos da melhor maneira, valorizando qualidades como generosidade, amor, compaixão, altruísmo, perdão e respeito pelo outro, além de princípios como “ama o teu próximo”, “honra o teu pai e a tua mãe”, “fala a verdade”, “é melhor dar do que receber”, etc. O código moral e os dez mandamentos são os mesmos para os católicos e para a Torah, e não há religião que pregue prejudicar o próximo, invejá-lo ou odiá-lo. O menino católico integra-se à comunidade pelo batismo, e o menino judeu, pela circuncisão, vindo, depois, a confirmá-la.
Para aqueles que acreditam em algo superior, a fé e a religiosidade podem contribuir para melhorar a própria saúde – física, psicológica e espiritual. Na Reprodução Humana, equilibram-se a produção de hormônios, endorfinas e o sistema imunológico.
A necessidade de poder gerar filhos é natural do ser humano. A humanidade quer se perpetuar, e o instinto da reprodução é inato. Essa verdade vale para os homens e para os animais. Os casais que não conseguem gerar filhos, na maioria das vezes tornam-se infelizes, inconformados e frustrados.
Tanto nos tratamentos de infertilidade como em qualquer doença, a ciência é fundamental para os melhores resultados, e os avanços tecnológicos nunca devem ser desconsiderados. Mas o respeito à ética, às leis e à espiritualidade fortalecem ainda mais o casal na busca de um resultado positivo.
São abundantes as evidências científicas de que pessoas religiosas e espiritualizadas controlam sua pressão arterial e têm melhor qualidade de vida. Uma pessoa religiosa, por meio de sua fé, pode provocar uma reação favorável em seu corpo, promovendo sensações de bem-estar e alegria, tornando o cérebro produtor de estímulos positivos.
A fé também pode trazer calma e estabilidade emocional. Procurar ser feliz por meio da religião também é uma forma de ser mais saudável.