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Entrevista com o Padre Gregório Teodoro (Arquidiocese de São Paulo e de todo o Brasil)
“Eu os conduzirei ao Monte Santo e os encherei de alegria em minha casa de oração...” (Is 57,6)
Tradicionais em seus costumes, a Igreja Ortodoxa existe há quase dois mil anos e é mundialmente conhecida por seus milhares de fiéis, que são chamados de cristãos ortodoxos. De longe, parece uma tradicional Igreja Católica, mas não é; tem características de uma arquitetura planejada com minuciosos detalhes de um estilo clássico de Igreja antiga. Silenciosa ao ponto de se ouvir o eco da própria respiração, a Catedral Ortodoxa é bela e possui um grande espaço para receber os fiéis nos dias de missa. Os ortodoxos prezam pela constituição base de uma família, e acreditam que o sexo é algo sagrado e que, dentro do casamento, é algo saudável. Na entrevista com o Padre Gregório Teodoro, da Igreja Ortodoxa (Arquidiocese de São Paulo e de todo o Brasil), ele comparou o sexo com um sacramento.
Quando se trata de métodos de reprodução humana, a Igreja Ortodoxa pensa no casamento, no valor do matrimônio e na união do homem e da mulher aprovada por Deus e sob sua vontade. Os ortodoxos acreditam que essa união é algo abençoado por Deus para fortalecer o amor e para as pessoas viverem juntas com a sua graça. Segundo o Padre Gregório, os filhos para os ortodoxos são uma benção e devem ser expressão e consequência do amor do casal e da sua união.
No entanto, na Igreja Ortodoxa, a finalidade do matrimônio não é primeiramente a “procriação”, e sim a felicidade do casal. “Quando entra na questão das dificuldades que se possa enfrentar para gerar uma família, os ortodoxos em primeiro lugar colocam tudo o que for útil para sua vida espiritual e física. Portanto, não temos restrições aos tratamentos de fertilização”, diz o Padre Gregório. Segundo ele, os ortodoxos não fazem distinção entre aquilo que é benéfico espiritualmente ou fisicamente. Porém, pensam muito nesse sentido, respeitando o ciclo natural de vida criado por Deus, até onde for possível respeitar aquilo que é da natureza do ser humano. No entanto, a Igreja Ortodoxa não proíbe terminantemente outro meio de gerar uma criança. O que eles consideram como primordial é pensarmos no aspecto de que os filhos não só são uma benção de Deus mas também podem contribuir para a união e felicidade do casal, pois essa é a finalidade do sacramento. “Cada caso é um caso, e nós não generalizamos”, afirma o Padre. Quanto aos tratamentos de forma individualizada, no caso do coito programado ou “namoro programado”, “O casal primeiro, deve conversar muito a respeito, deve consultar sua própria consciência, rezar, e também procurar orientação da Igreja”, ressalta o entrevistado.
O ideal é que os casais tenham um diretor espiritual e um padre que os acompanhe sempre nesses momentos mais difíceis, em que eles precisam de orientação. A figura do pai espiritual na Igreja Ortodoxa é muito importante a todos os fiéis, pois é ele que aconselha o casal em qualquer momento difícil. Padre Gregório diz: “Para nós, a Igreja deve ajudar o casal em tudo aquilo que, no final, nós vemos que contribuirá para a sua salvação. Então, ter filhos pode estar nessa caminhada do casal e a Igreja não vai dizer que você pode, ou não, ter filhos por outros meios que não os naturais. Pode. É claro! O que nós recomendamos é que o casal consulte o seu diretor espiritual, para que não haja peso na consciência.
Quanto aos princípios da Igreja, ela não proíbe os tratamentos, tanto que fica de portas abertas para que o casal se oriente e, se for por bem, que opte por algum método da medicina da reprodução, que irá ajudá-los a serem felizes, e terem filhos”. Em relação ao congelamento de embriões, os ortodoxos acreditam que é um procedimento que foge um pouco dos padrões da Igreja. “Uma coisa é você ajudar em um processo que deveria ser natural, e que há dificuldades por um problema do casal ou de um dos parceiros. Mas isso já acho um procedimento muito frio e mecânico, pois ter filhos deve envolver o amor, o relacionamento, e não só um planejamento”.
O método de doação de embriões, sêmen e óvulos não é aceito pela doutrina Ortodoxa. “Nós diríamos ao casal: adote um criança, tem tanta criança precisando de amor, carinho e uma família. Entendemos que o ideal seria um bebê do resultado do amor dos dois, mas esse amor pode ser todo transferido para uma criança adotiva”, finaliza Padre Gregório.
QUADRO GERAL